quinta-feira, 19 de setembro de 2019

32º dia – Relatos atuais sobre os Anjos após a “quase” morte – Parte 4





Eu me dei conta de que não caminhava sozinha
Às 3h 30min de uma madrugada de junho de 1959, Glenn Perkins acordou de repente, depois de sonhar que sua filha, gravemente doente e hospitalizada, precisava dele. Ele se vestiu, comeu alguma coisa rapidamente, instalou-se ao volante por volta das 4h15min e dirigiu-se para o hospital. Chegou lá às cinco horas. No mesmo momento, no quarto 336 do Union Hospital de Indiana, Terre-Haute, o médico constatava a morte de Betty e a declarava oficialmente morta. A apendicite gangrenada, acrescida de uma espécie de pneumonia, tinha destruído seu estômago e os seus ovários, antes de afetar o resto do corpo. O lençol do leito foi estendido sobre seu rosto pela enfermeira, que saiu sem fazer ruído para dar a notícia aos pais. Enquanto ela telefonava e preenchia os formulários administrativos relativos ao falecimento, Glenn Perkins subiu os degraus de três em três, bruscamente invadiu o quarto e viu o lençol cobrindo o rosto de sua filha. Estupefato, ele se jogou sobre o leito e rezou, chorando, "Jesus, Jesus"...

Betty, por sua vez, se encontrava do outro lado. Essa experiência a abalou tanto que, em 1977, ela publicou seu relato nos mínimos detalhes (My flimpse of eternity, 1977, Berry Malz, Chosen Books, Nova York). O mais notável em sua história é que ela não se lembra de ter passado por um túnel:

“A transição foi serena e tranquilizadora. Eu despertei ao pé de uma belíssima colina. Apesar de escarpada, eu a escalei sem nenhum esforço e um profundo êxtase invadiu meu corpo. A minha volta toda estendia-se um maravilhoso e profundo céu azul, sem nenhuma nuvem. Olhando de novo, reparei que não havia nenhuma estrada, nem caminho. Entretanto, eu parecia saber aonde ia. Então me dei conta de que não estava caminhando sozinha. À minha esquerda, e um pouco atrás de mim, havia um grande personagem, de aspecto masculino, trajando uma túnica. Perguntei-me se seria um anjo e tentei ver se ele tinha asas. Mas de frente, eu não podia ver suas costas. Senti, no entanto, que ele podia ir por todo canto onde quisesse, e muito rapidamente. Nós não falávamos. De certo modo, isso não parecia necessário, já que seguíamos na mesma direção. Eu percebi que ele não me era estranho. Ele me conhecia e eu sentia uma estranha cumplicidade. Onde já nos teríamos encontrado? Será que nos conhecíamos desde sempre? Parecia que sim. Aonde estaríamos indo agora?

Como caminhávamos juntos, eu não via o sol, mas a luz estava por toda parte. Senti que nós podíamos ir aonde quiséssemos e instantaneamente. A comunicação entre nós era feita através de projeções de pensamentos. Justo no instante em que atingíamos o topo da colina, eu ouvi a voz do meu pai chamando "Jesus, Jesus". Sua voz parecia distante. Pensei em dar meia-volta para ir encontrá-lo. Não fiz isso porque eu sabia que meu destino estava à frente. (...) O anjo parou à minha frente e colocou a palma da sua mão sobre uma porta que eu não tinha observado antes. Eu vi o que parecia (por trás da porta) uma rua em tons dourados coberta de vidro ou de água. A luz amarela que apareceu era deslumbrante. Impossível descrevê-la. Não vi nenhuma silhueta, mesmo tendo a consciência de haver ali uma pessoa. De repente, soube que aquela luz era Jesus, que a pessoa era Jesus. Eu não precisava me mexer.
A luz estava toda à minha volta. Parecia que havia um certo calor lá dentro, como se eu estivesse exposta aos raios de sol; meu corpo começou a irradiar. Cada parte de mim estava absorvida por essa luz. Eu me sentia envolvida pelos raios dessa energia poderosa, penetrante e magnética. O anjo me olhou e me comunicou o pensamento: "Você quer entrar e reunir-se a eles?" Todo meu corpo queria entrar lá, mas eu hesitei. Eu tinha escolha? Então me lembrei da voz do meu pai. Talvez eu devesse partir e encontrá-lo. "Eu gostaria de ficar e cantar um pouco mais, e depois voltar para a colina", respondi finalmente. Mas era tarde demais. Suavemente, as portas se uniram numa folha de pérolas e nós recomeçamos a descer a mesma magnífica colina. Dessa vez, a parede estava à minha esquerda e o anjo caminhava à minha direita”.

Betty reintegrou-se ao seu corpo e ao seu leito, com textos do Evangelho dançando diante de seus olhos. Foi seu pai que, sempre ao pé do leito, detectou um movimento sob o lençol e chamou as enfermeiras. No hospital ninguém conseguiu compreender como ela pôde voltar, pois já estava morta. Emagrecida devido às semanas de tratamento médico intensivo e à ausência quase total de alimentos, Betty quis comer em seguida, para o maior espanto da equipe hospitalar, que a proibiu formalmente. Ela não se deu por vencida. Por acaso, uma bandeja de refeição, que não era para ela, aterrissou em seu quarto pouco depois de seu retorno da colina. Por acaso? Ela atacou a bandeja e a limpou rapidamente. Não houve nenhuma consequência desastrosa. Seu médico a advertiu: seus ovários, atacados pela infecção maciça, nunca poderiam cumprir suas funções. Ele chegou até a aconselhá-la a retirá-los cirurgicamente, e, antes dessa operação, usar um método contraceptivo para evitar a concepção de um bebê deformado. Alguns dias mais tarde, ela deixou o hospital em perfeita saúde, fez amor em seguida, e engravidou. Ela não teve absolutamente nenhuma sequela de sua doença, e seu bebê nasceu perfeito. Isso se chama um milagre documentado.

Voltemos à NDE. Ela despertou após sua morte e andou numa direção determinada que ela parecia conhecer. De repente, ela se virou e descobriu que não estava sozinha. Um personagem de aspecto masculino, vestido com uma túnica branca, estava atrás dela. Betty Malz escreveu em 1986, num segundo livro, que ela nunca poderia ter imaginado um ser dotado de tal beleza, de tal poder e segurança Ela utilizou em seguida o termo anjo, e quis verificar se ele tinha asas! Não, ele não tinha, mas ela teve a sensação de conhecê-lo há muito tempo. Sentiu também que ele era capaz de se deslocar numa fração de segundo para onde quisesse: "Ele me conhecia e eu sentia uma estranha cumplicidade. Onde já nos teríamos nos encontrado? Será que nos conhecíamos desde sempre? Parecia que sim.” (...)
Após uma breve observação dessa nova Jerusalém, Betty é levada suavemente para a célebre pseudo-escolha: "Você quer entrar?".

Ela tenta encontrar um meio-termo, mas não consegue. Volta ao corpo acompanhada por seu guia. Ao reencontrar seu corpo físico, Betty Maiz não imaginava que esse sonho acordado mudaria toda a sua vida.

Uma escada de anjos
O herdeiro do célebre instituto de pesquisas de opinião Gallup, Georges Gallup Jr., leu as obras de Moody e se apaixonou assunto a ponto de realizar uma pesquisa sobre as NDE (EQM) em âmbito nacional, o que, se levarmos em conta as dimensões dos Estados Unidos, foi uma façanha inédita.

Os resultados dessa pesquisa o surpreenderam e ele decidiu analisá-las em profundidade. Seu livro, Adventures in immortality (McGrow Hill, 1982, Nova York), é apaixonante pois apresenta um quadro preciso sobre o que se passa após a morte e, sobretudo, ao confrontar todos os depoimentos reunidos por seus pesquisadores, sobre o que descobriremos talvez no céu. Seus resultados confirmam, em todos os pontos, as sínteses de Moody e Ring. Entre seus relatos, encontramos o caso, realmente fora do comum, duma enfermeira da Pennsylvania, que tinha 70 anos no momento da entrevista. Ela contou aos pesquisadores da Gallup a experiência que vivera 53 anos antes, quando decidiu dar à luz em casa.

O médico da família enfrentou alguns problemas no momento do parto, e teve de usar o fórceps, o que provocou complicações internas. Uma semana após o nascimento, o médico a examinou e decidiu hospitalizá-la imediatamente. Ela ficou três dias no hospital, antes de ser tomada a decisão de operá-la. Seu marido, no entanto, não concordou com a operação, que poderia provocar danos físicos irreparáveis.

“Eu estava tão doente que não podia sequer me levantar da cama. Era uma tarde de domingo. Meu marido tomou um táxi e me transportou em seus braços, como um bebê. Curiosamente, no caminho, eu recuperei algumas forças. O fato foi que eu saí do táxi e caminhei para o nosso apartamento, que ficava no terceiro andar. Troquei os lençóis da cama e a arrumei a meu modo. Em seguida, me despi e me enfiei na cama. Eu me sentia maravilhosamente bem. Nunca sentira uma tal sensação de bem-estar antes, e nem depois disso. Minha família e meus vizinhos estavam todos ali, pois todos ficaram aturdidos ao verem a mudança milagrosa que acontecera em mim. Então, exatamente como se alguém falasse comigo, uma voz me disse que eu ia morrer e que deveria informar meu marido e minha família. Então eu os reuni todos no meu quarto.

Segurando a mão de meu marido, eu lhe disse: "Vocês todos devem se preparar para encontrar seu Deus, porque eu vou encontrar o meu.” Eu estava calma, não sentia dores nem sofria, ao passo que, ao deixar o hospital, três horas antes, a dor era intolerável. Podia-se dizer que eu estava numa espécie de transe. Nesse momento, eu tive uma visão. Parecia que todos aqueles anjos vinham do céu e, estendendo suas mãos, formavam uma escada que ia até o céu. Ao subir aquela escada eu parecia saber tudo o que estava acontecendo na minha casa. Minha família e meus vizinhos choravam e meu marido estava ajoelhado ao pé da cama suplicando a Deus que me poupasse pelo bem do bebê. Continuei a subir a escada formada pelas mãos dos anjos até atingir o paraíso. Quando cheguei ao topo, havia uma neblina diante da porta, e um anjo me disse: "Essa neblina é a prece de sua familia para que voce volte. Por que você não pede ao Senhor para deixá-la voltar para criar seu filho?" Depois de atravessar a neblina, pude distinguir aquela pessoa sentada sobre um trono, envolvida por aquela neblina. Eu disse: "Senhor, por favor, deixe-me voltar e criar meu filho." Ele não respondeu, mas tomou minha mão e me reconduziu de volta à escada, para descer. Nesse meio tempo, a família tratava meus funerais com o serviço funerário, e enviava telegramas. Quando eu voltei, gritei e cantei. Tenho certeza de que você pode imaginar que tipo de dia foi aquele. Na época, eu tinha 17 anos. Hoje tenho 70, e somente um filho.”

Esse caso é muito curioso porque uma voz previne a pessoa de que vai morrer e lhe pede para informar os membros da família a respeito. Até hoje, nunca observamos outro aviso desse tipo, mesmo admitindo que possa ter vindo de seu anjo da guarda. Ora, se o anjo não parece se manifestar visualmente a seu protegido, ele é substituído por uma legião de anjos, que surge do céu e faz uma escada com suas mãos para ajudar a pessoa a subir até o trono de Deus. Isso parece completamente maluco. O problema é que, dado o campo em que procuramos evoluir sem perder a razão, esse caso é atípico. Poderíamos considerar como uma alucinação.

A pessoa, no entanto, estava clinicamente morta, afinal seus familiares começaram a enviar telegramas. Além disso, a testemunha emprega o termo visão, exatamente como os maiores místicos, que veremos à frente. Além disso, sua visão não deixa de lembrar o capítulo 28 do Gênesis, em que Jacó, adormecido ao pé de um rochedo, sonha com uma escada com anjos que sobem e descem do céu. Ela chega, finalmente, ao topo dessa escada estranha onde um outro anjo a aguarda e meio a neblina, "a prece de sua família pelo seu retorno". A ajuda do anjo é clara: ele sugere a solução à alma que chega ao julgamento. Mesmo que tudo isso nos pareça um tanto alegórico, o relato não é mais sobrenatural do que todos os depoimentos que vimos anteriormente.


Fonte:
Livro “Relatos sobre a existência dos Anjos da Guarda” – do jornalista Pierre Jovanovic – Editora Anagrama



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