terça-feira, 10 de setembro de 2019

24º dia – Várias aparições e sinais de São Miguel através dos tempos – Parte 1





Além das que vem mencionadas nas Sagradas Escrituras, quer no Antigo quer no Novo Testamento, várias são as intervenções do Chefe dos Anjos na vida da Igreja, aparecendo em vários lugares, em horas difíceis, para mostrar a sua assistência como guarda e protetor vigilante da mesma Igreja. Estas aparições foram e confirmadas pela autoridade eclesiástica que as abençoou e, algumas delas, foram inseridas na própria liturgia local ou universal, com Missa e ofícios próprios.

Aparição de São Miguel no tempo apostólico
Conta-se que São João Evangelista foi à Ásia Menor e aí começou a sua evangelização na cidade de Hierópolis, onde se adorava uma serpente como deus. Pondo-se o Santo em oração, a serpente morreu. Os sacerdotes do ídolo, furiosos, perseguiram o Apóstolo que teve de fugir. Chegou à região de Chones, na Frigia, que nesses tempos chamava-se Colossos, e a quem mais tarde o Apóstolo São Paulo dirigirá a célebre epistola aos Colossenses. São João foi muito bem sucedido na sua pregação e vários abraçaram a fé. Na sua instrução falou também sobre os Anjos e anunciou-lhes que o príncipe das milícias angélicas, o grande São Miguel, os tomaria debaixo da sua proteção e que às portas da cidade brotaria uma fonte, onde os doentes, com o sinal da Cruz e a invocação do Arcanjo São Miguel, encontrariam uma pronta cura.

A fonte apareceu e espalhou-se este acontecimento por toda a região. Os fiéis e os pagãos começaram a afluir a esta fonte e as curas multiplicaram-se. Um rico homem de Laodicéia, cidade desta região da Frígia, tinha uma filha única que era muda. Numa noite, apareceu-lhe, em forma humana, São Miguel e disse-lhe: "Conduz a tua filha à fonte dos cristãos e acredita na onipotência do seu DEUS, que a tua fé será recompensada”.
Cheio de temor e esperança foi com a filha à fonte e perguntou aos cristãos o que devia fazer. Eles disseram: "É em nome do PAI, do FILHO e do ESPÍRITO SANTO e pela intercessão de São Miguel que nós usamos desta água”. O pagão repetindo estas palavras invocou a Santíssima TRINDADE e o socorro do glorioso Arcanjo. A filha começou a falar e a fé iluminou a sua alma e a do seu pai. Ambos pediram o batismo. Cheio de alegria, o homem mandou edificar junto da fonte uma igreja, a atestar o seu reconhecimento por este milagre. Um cristao Jovem que seguia a vida eremítica, ficou como guardião deste santuário. As curas multiplicaram-se e, como consequência, a conversão dos pagãos ao cristianismo.

Os sacerdotes dos ídolos, obstinados nos seus erros, resolveram destruir o santuário. Junto deste passavam dois rios que eram contidos por diques. Numa noite ouviu-se um forte barulho das águas. Os pagãos tinham destruido os diques e brevemente o santuário seria arrasado e submerso. O eremita ao ver o que se passava, gritou: "SENHOR, a Vossa onipotência comanda e rege os abismos do mar, Vós podeis salvar o templo do vosso Arcanjo". Enquanto ele rezava, ouviu-se uma voz vinda do Céu. Era São Miguel que descia para desarmar o furor de satanás. Disse ele ao seu fiel servo e guardião do seu templo: "Não temais, o inferno não pode nada contra nós". O Arcanjo estendeu a sua mão sobre o caudal dos rios; as águas impetuosas foram controladas no seu caminhar por um braço invisível. São Miguel traçou sobre elas o sinal da Cruz e fê-las recuar, desviando o seu curso.

O vencedor de lucifer deixou-se ver no cume de um rochedo. A terra tremeu e abriu-se uma garganta, por onde as águas sumiram-se vertiginosamente, em turbilhão. São Miguel, depois de ter exortado o eremita a que continuasse a convidar os doentes do corpo e da alma a que usassem da água da fonte em Nome da SANTÍSSIMA TRINDADE, subiu ao Céu.

As liturgias da Igreja oriental comemoram este acontecimento com Missa e ofícios próprios no dia 6 de setembro.

Aparição De São Miguel ao imperador Constantino Magno
Durante três séculos os imperadores romanos perseguiram a Igreja Católica chegando a considerar os cristãos como inimigos do gênero humano, não tendo o mesmo direito à existência. Os cristãos que confessavam a sua fé eram torturados, despojados dos seus bens que passavam para o Imperador e depois condenados à morte mais cruel. Mais de doze milhões de mártires deram por CRISTO a vida. Chegou finalmente a hora da paz com a conversão do imperador Constantino, filho da imperatriz Santa Helena, já convertida ao cristianismo. Esta paz foi preparada por São Miguel. Quando Constantino combatia Maxêncio, na Gália, província do império, São Miguel apareceu-lhe rodeado de muitos Anjos para o socorrer e assegurar a vitória. Mostrou-lhe no céu, em pleno meio-dia, uma cruz luminosa cercada por uma inscrição que dizia: "Com este este sinal vencerás”.

A Cruz tinha por cima as duas primeiras letras gregas do nome de Jesus Cristo. Não sabendo o que este sinal no céu significava, São Miguel apareceu-lhe num sonho e mandou-lhe que pusesse este sinal num estandarte que seria levado pelas suas tropas, à frente, para os combates. O imperador obedeceu e, guiado pela Cruz, caminhou a combater o seu inimigo perto de Roma. A batalha foi terrível, mas Maxêncio foi derrotado. Na fuga caiu no rio Tibre e morreu afogado. Deu-se a vitória no dia 12 de outubro do ano 312 de nossa era.
O vencedor entrou triunfante em Roma, com a Cruz à frente dos seus exércitos, e nesse mesmo ano publicou o decreto que dava paz à Igreja.

No ano 313, entrou este decreto em ordem solene, estando o imperador em Milão. Esta aparição do Arcanjo é narrada por Eusébio, o primeiro historiador da Igreja e contemporâneo de Constantino.

Segundo o escritor Nicéforas, mais duas vezes apareceu São Miguel a Constantino. Na segunda aparição, disse-lhe quanto o tinha favorecido nas batalhas. O imperador reconhecido mandou edificar na antiga Bizâncio, uma nova cidade, capital do Império do Oriente, com o nome de Constantinopla, hoje Stambul. Esta capital foi dedicada solenemente a Nosso Senhor JESUS CRISTO, por esta legenda: “A vós, ó CRISTO DEUS, eu dedico esta cidade".

Nela mandou Constantino edificar várias igrejas e um templo suntuoso em honra a São Miguel, precisamente lugar onde o Arcanjo lhe aparecera.

A terceira aparição deu-se quando parte dos habitantes da antiga Bizâncio se revoltou contra o Imperador.

Nicéforas afirma que o Arcanjo lhe disse: "Eu sou Miguel, chefe das milícias angélicas do DEUS dos exércitos, defensor e protetor da fé de CRISTO, eu te protejo com a minha ajuda na guerra que tu empreendes contra os tiranos impios. A ajuda dos meus exércitos foi-te dada”.

Aparição de São Miguel no Monte Gargano
Nos fins do século v, quando na cadeira de São Pedro regia a Igreja o Papa São Gelásio um pastor que apascentava uma manada de vacas no alto do Monte Gargano, na Itália, província da Apulia, querendo obrigar um novilho a sair de uma caverna onde se refugiara, desferiu lá dentro uma flecha, a qual retrocedeu com a mesma velocidade vindo ferir quem a lançara.

Este fato causou admiração nos que presenciaram este acontecimento e a notícia foi longe e chegou também aos ouvidos do Bispo de Siponto, cidade que ficava no sopé da montanha.

Julgou ele tratar-se de algum misterioso sinal da parte de DEUS e ordenou um jejum de três dias em toda a diocese, pedindo ao SENHOR se dignasse revelar-lhe do que se tratava. DEUS escutou as orações do Prelado e, passados três dias, apareceu-lhe o Arcanjo São Miguel declarando-lhe que o SENHOR queria que a ele, Anjo tutelar da Igreja, e aos outros Anjos, se edificasse naquela caverna onde se manifestou o prodígio, uma igreja em sua honra, para reavivar a fé e a devoção dos fiéis no seu amor e proteção, como Anjo custódio da Igreja Católica.

Tendo o Bispo comunicado ao povo a visão que tivera e o que lhe fora pedido, foi ele próprio, com muita gente, observar o local. Encontraram uma caverna espaçosa em forma de templo, cavada na rocha, com uma fenda natural na abóbada, de onde jorrava a luz que a iluminava. Nada mais era preciso que pôr um altar-mor para celebrar os Divinos Mistérios (Santa Missa). Levantado o altar o Bispo consagrou-o. Todos os povos vizinhos acudiram para a cerimônia cheios de alegria e a festa durou vários dias.

Nunca mais até hoje se deixou de celebrar ali a Santa Missa, como também os outros ofícios litúrgicos, e DEUS consagra este lugar através dos séculos, com graças e milagres de toda a espécie, em favor dos que lá acorrem, doentes de corpo e alma, mostrando quanto Lhe é grata a devoção em honra do glorioso arcanjo São Miguel que defendeu, quando da revolta de lúcifer, a fidelidade ao DEUS Uno e Trino, soltando este grito: AMIGOS, QUEM É COMO DEUS?

O Santuário do glorioso Arcanjo na gruta do Monte Gargano é considerado um dos mais célebres e devotos de todo o Mundo. A Igreja, para atestar este fato histórico, marcou para o Calendário Litúrgico Universal a Festa Comemorativa desta aparição, no dia 8 de maio. Esta festa foi obrigatória para toda a Igreja até à nova reforma litúrgica do Concílio Vaticano II.

Atualmente, só é obrigatória na diocese de origem e em alguns calendários particulares.
O Monte Gargano, onde está este santuário, fica perto do convento de Nossa Senhora da Graça, onde viveu e morreu o célebre estigmatizado Padre Pio de Pietrelcina, falecido em odor de santidade e canonizado.

Fonte:
Do Livro “São Miguel – Príncipe dos Exércitos Celestes” – Editora da Divina Misericórdia



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